Feita de mármore sintético e pintura pátina de bronze, a escultura, com peso aproximado de 35 quilos, foi doada pela OAB/RJ. Esperança Garcia foi escravizada no século XVIII e escreveu uma carta ao então governador do Piauí denunciando os maus-tratos sofridos por sua família. Em 2022, com a recuperação do documento, o Conselho Federal da OAB concedeu a Esperança o título de primeira advogada brasileira.
A cerimônia contou com a presença do ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Cláudio Mascarenhas Brandão e da primeira desembargadora negra do Rio de Janeiro, Ivone Caetano. Além do busto, o prédio ganhou uma placa com a transcrição da carta escrita por Esperança. Segundo juristas e historiadores, o documento pode ser considerado uma petição, pois apresenta elementos jurídicos importantes, como endereçamento, identificação, narrativa dos fatos, fundamento no Direito e um pedido.
A data para a inauguração não foi escolhida por acaso: neste 25/7, são celebrados o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela, como mencionado, durante a cerimônia, pela coordenadora do Subcomitê Regional de Equidade de Raça, Gênero e Diversidade do TRT-RJ, desembargadora Márcia Regina Leal Campos. “É uma data que representa resistência, história, reafirmação da importância e do protagonismo das mulheres pretas, apagadas ao longo da história”, disse.
Para a presidente da OAB/RJ, Ana Tereza Basílio, a exibição da escultura de Esperança Garcia simboliza uma homenagem a todas as mulheres do Brasil, mas sobretudo às mulheres pretas. “Mulheres guerreiras e corajosas, como Esperança Garcia, um exemplo de advocacia, aquela que primeiro pleiteou e peticionou. Precisamos lembrar sempre daquelas que abriram os caminhos”, disse ela.
A origem nordestina de Esperança Garcia foi destacada pelo ministro Cláudio Mascarenhas Brandão como uma característica que gera ainda mais admiração. “Me faz muito orgulhoso de estar aqui hoje e dizer que, daqui em diante, uma mulher nordestina e negra dá nome ao prédio das varas do Trabalho, na capital do Rio de Janeiro, um dos primeiros tribunais criados no país. Que nos inspiremos nela para acreditar que é possível fazer o nosso trabalho, lutar por dignidade e pelos direitos sociais”, desejou.
Já o vice-presidente no exercício regimental da Presidência do TRT-RJ, desembargador Leonardo da Silveira Pacheco, definiu Esperança Garcia como a própria esperança e o amor, tanto pela pátria como pelo povo. “Ela não queria igualdade e união para a família dela, ela queria isso pro Brasil. É isso que eu espero que ela represente para todos nós aqui: exemplo de dignidade, união e família”, sintetizou.
O evento também contou com a presença de membros do IAB, como o presidente da Comissão de Igualdade Racial, José Agripino, a 1ª diretora secretária-geral adjunta, Edmée da Conceição Cardoso, o diretor de Apoio Técnico, Luiz Henrique de Oliveira Junior, a vice-presidente da Comissão de Igualdade Racial, Cinthia Polliane Camandaroba da Silva, a consócia Monica Alexandre Santos, entre outros.
(Com informações da Assessoria de Imprensa do TRT1.)